CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Há algo de muito errado em um país quando mais da metade dos alunos que
estão concluindo o curso de medicina, no Estado mais rico e populoso da
nação, não tem domínio de áreas básicas para exercer a profissão.
Com o pior resultado desde 2009, exame para médicos reprova 54,5%
Prova do Cremesp deveria ser teórica e prática, diz formando
Resultado do Cremesp nos deixa temerosos, afirma professor
Prova do Cremesp deveria ser teórica e prática, diz formando
Resultado do Cremesp nos deixa temerosos, afirma professor
Editoria de Arte/Folhapress |
Não que os resultados divulgados ontem pelo Cremesp sejam
surpreendentes. Desde que a prova foi criada, há sete anos, os índices
de reprovação estiveram entre 32% (2005) e 61% (2008).
Agora, porém, o impacto é maior porque todos os formandos foram avaliados.
Ainda que se pesem as críticas em relação à metodologia do exame,
intriga o fato de não haver nenhuma mobilização dos ministérios da Saúde
e da Educação para melhorar esse cenário.
Aferir a competência técnica dos futuros médicos antes de soltá-los no mercado deveria ser uma questão de Estado, de interesse público.
Aferir a competência técnica dos futuros médicos antes de soltá-los no mercado deveria ser uma questão de Estado, de interesse público.
Isso se torna evidente quando os resultados do "provão" revelam que as
áreas de maior reprovação são as de saúde mental (41% de acertos) e
pública (46%).
Em um país em que 90% da população é usuária de alguma forma do SUS, o
Estado deveria tomar para si a responsabilidade de um modelo de
avaliação que conferisse a qualificação ao médico antes que ele chegasse
ao mercado, a exemplo do que fazem os EUA e o Canadá.
A Inglaterra deu um passo além. Neste mês, o governo britânico instituiu
um sistema que obrigará todos os médicos já formados a passarem por
avaliações periódicas.
Os testes serão feitos por entidades médicas, mas tudo supervisionado pelo Ministério da Saúde britânico.
Os médicos terão de comprovar (por meio de cursos, por exemplo) que
estão aptos para continuar na profissão. A palavra do paciente também
contará pontos.
Levando em conta que o SUS foi inspirado no modelo britânico, é uma boa
hora para o governo brasileiro aprender algumas lições de como oferecer
uma saúde de melhor qualidade à população.
Fonte: Folha de São Paulo.
Fonte: Folha de São Paulo.
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