domingo, 27 de março de 2022

Reflexões

*por José Ronaldo Dias Campos

1) O simples fato de se responder a um processo criminal, que dura uma eternidade, já se traduz numa sanção, com marcas indeléveis na vida do cidadão, destacadamente quando inocente.

2) Só vou parar de provocar quando o poder público arborizar Santarém, inclusive com a criação do horto municipal, sugerindo como local a cantada e decantada Rocha Negra.

3) Hoje existem dois Estados: o de direito (assim diz a Constituição) e o marginal (de fato), este bem organizado, com regras próprias, força e poder, comandado do interior dos presídios brasileiros ou das favelas por facções criminosas perigosíssimas.

4) Ao perpassar 60 anos de idade é que fui entender melhor, verdadeiramente compreender o curso do TEMPO, implacável e prazeroso em sua trajetória, capaz de envelhecer e remediar, ciclo interminável que se renova sempre e a todo momento..

5) O mundo está assim: gente demais e fraternidade, humanidade, dignidade de menos, razão de tanto crime, conflito, intolerância e incompreensão.

6) Para que ocorra reforma política substancial no país, só com a participação ordeira e consciente do povo brasileiro. O resto é água de barrela!

7) O processo, que reside nos autos, contempla um drama social, um drama humano: tem vida, sentimento, pulsa, sangra, chora e morre, não se resumindo num complexo de atos encadeados de forma progressiva (o procedimento), num simples número nas hostes cartoriais (estantes bolorentas do foro), mera estatística promocional para juiz, fonte de receita estatal e renda para advogado.

8) Os Agentes do Direito (advogados, juízes, promotores e auxiliares da justiça) precisam ter a necessária formação humanística para perceber que o processo pulsa, clama por justiça. Mais que isso, como já dizia Mauro Cappelletti, compreender que o destinatário ou beneficiário do serviço é o jurisdicionado, um seu par, e para ele voltar os olhos, sua atenção, dar a importância devida, objetivando sempre a justa, tempestiva e eficaz composição da lide, razão de ser do processo.

9) O Estado fortalece o seu braço penal, criminalizando tudo, endurecendo as penas, na falsa tentativa de resolver o descaso com o seu corpo social moribundo. Equívoco histórico.  

10) Faça como eu faço: troque de canal ou desligue a televisão quando a programação for agressiva à moral, à família, aos bons costumes. É a mais eficiente forma de censura. Se assiste, está dando Ibope, não pode reclamar. Nada contra quem gosta, respeito. Mas os que não gostam, se não frenarem ao chegar no limite do tolerável, não poderão reclamar mais tarde, pois deram tácita aceitação, permitindo que a coisa evoluísse. As questões morais ainda servem como freio, em alguns aspectos!

Continuação na próxima edição

domingo, 13 de março de 2022

A história do Tropical Hotel de Santarém


Quem teve a audácia de gastar uma fortuna milionária em Santarém no meio da Amazônia? 

Em 1950 ainda jovem, Arnaldo Paoliello saia da faculdade de arquitetura Mackenzie em São Paulo com o seu diploma preparado para desenhar uma das mais belas obras modernas da sua vida. Durante 20 anos segurando firme em seu lápis, papel e borracha, criando altas horas da madrugada rabiscos como; curvas, linhas, medições e imaginando ideias geniais, projetou inúmeras construções que ainda fazem parte da memória dos mais antigos e esquecidas por alguns de nós. Mas para lembrá-lo, tenho a história para te contar. Então vamos lá! 

Na década de 60 para 70 em seu escritório, pelas primeiras horas da manhã, Arnaldo recebeu um telefonema do presidente da antiga Varig, poderosa companhia 100% brasileira de aviação na época. Aquele telefonema mudou a sua vida. Agora, é a hora de Arnaldo fazer parte do projeto “Integração Amazônica”. Era um desafio do governo e parte da elite local apostar na modernização do Norte do nosso país. A missão que o arquiteto teve, foi de criar um projeto arquitetônico para a Companhia Tropical de Hotéis, que tinha como sua subsidiária a Varig. Foi no período da ditadura militar que a Amazônia recebeu pela primeira vez incentivos para o turismo nesta região próspera, exuberante e rica. 

A construção envolveu em sua maioria operários vindos da capital federal, Brasília e uma outra parte daqui mesmo do Tapajós, envolvendo até trabalhos artísticos de artesãos em sua esplendorosa decoração até os dias de hoje. Como o governo brasileiro facilitava investimentos privados, através de incentivos fiscais na época, as empresas geravam mais empregos e cresciam. O então Presidente da república Médici, exigiu ao presidente da Varig que incluísse no projeto, 01 suíte presidencial e 30 quartos para membros da sua equipe. Mãos à obra! era dia, noite, chuva e sol e os homens em meio daquele conglomerado de cimento feito de argilas paraenses, terra tapajônica, águas cristalinas para molhar a massa e vamos dizer assim; Concluir um “Resort na selva tropical” eles queriam a edificação luxuosa pronta o mais rápido possível para apresentarem ao mundo e mostrar a visibilidade da Amazônia e de que era possível construir e preservar sem maltratar a natureza e sua biodiversidade. Faltavam poucos dias para uma noite de festa social, quando Arnaldo percebeu que havia desenhado entre as duas metrópoles, Manaus e Belém uma verdadeira obra-prima que não se deixa a desejar para qualquer outro hotel de grande porte lá na Europa. Às vezes quando adentramos e só olhamos um simples corredor, uma sala curvada, uma piscina rodeada com uma mini floresta, pensamos que é só mais um dentre vários que irei dormir! Nada disso, quando, tocamos e sentimos a vida que aquele lugar nos traz é diferente, o verdadeiro valor sentimental da criação do homem ou da mulher é a sua sensibilidade. Talvez, quando Arnaldo soube que os dois presidentes não foram para à festa de inauguração tenha ficado triste. Mas pra ele, temos a certeza, que deixou um símbolo em  missão cumprida aqui em Santarém na Pérola do Tapajós. 

Era no dia 31 de julho de 1973, quando o sol raiava e os pássaros bem-te-vi em vez de cantarolarem, anunciavam a hora em que as autoridades teriam que cortar a faixa de inauguração da chegada do Tropical Hotel de estilo curvado com vistas e varandas de frente para o incrível rio Tapajós. Na festa estavam presentes, ministros e moradores  e todos convidados para subirem a rampa e pudessem, contemplar a beleza arquitetada pelo Arnaldo Paoliello. Não sabemos os valores que foram gastos no Tropical, mas podemos dizer que foram alguns milhões de cruzeiros, antes do real. 


Autor: Cristiano Santa Cruz

Votar em quem?

*por José Ronaldo Dias Campos 

Os partidos políticos são os corresponsáveis por quase tudo de ruim que acontece no Brasil. Eles escolhem os mesmos, os piores, até os complicados com a justiça entram no rol dos elegíveis. E os novos que surgem, com raras exceções, também deixam a desejar, ficando o eleitor sem opção.

A necessária mudança, honesta e promissora, tem que iniciar pelos partidos. A prática antiga da compra de votos precisa ser coibida com a reprimenda dos envolvidos de forma exemplar, pedagógica, porquanto as consequências são nefastas à nação brasileira.

Esperar pelo judiciário para expurgar os maus políticos do cenário leva tempo e atinge o mínimo possível de pessoas, às vezes de forma seletiva, deixando a maioria ilesa.

A atividade político-partidária no sistema eleitoral vigente, que era pra ser altruísta, passou a ser viciada, arriscada, desacreditada, desestimulante, nivelando a média nacional de qualidade e eficiência por baixo. 

Precisamos de uma reforma político-partidária de verdade urgentemente, ou nada mudará se permanecer as velhas e reprováveis práticas.

Tenho dito.