O
risco de destruição de um dos maiores e mais belos rios da Amazônia "só
existe por causa da omissão das autoridades, em nível municipal,
estadual e federal, e pela omissão da sociedade".
Caro Dutra,
O maior problema do Rio Tapajós, neste momento, vai muito além dessa
referência da exploração feita nas encostas do citado rio. Muito antes
de serem construídas usinas hidrelétricas, a coloração das lindas águas
de nosso rio estará completamente mudada pela exploração ilegal de ouro
em seu leito.
Dezenas de dragas, grande número delas vindas do estado de Rondônia,
onde destruíram o rio Madeira, encontram-se atualmente no nosso Tapajós.
Algumas trabalham 24 horas por dia. Conversei com um dragueiro vindo de
Porto Velho, ao qual perguntei por que ele tinha se mudado para cá. Ele
respondeu que a produção tinha caído muito por lá, mas, que no Tapajós
estava indo muito bem, obrigado.
Este fato tem sido denunciado por mim, no meu blog e no Jornal do Comércio (Itaituba),
pelo colega Weliton Lima e pelo deputado federal Dudimar Paxiúba, que
causou um alvoroço muito grande há mais ou menos três meses, quando, na
tribuna da Câmara Federal falou sobre esse problema. Houve até denúncia
de ameaça de morte contra ele por conto disso.
As autoridades de Itaituba têm conhecimento pleno do que está
acontecendo; em Santarém tem muita gente que sabe, o mesmo acontecendo
com as autoridades de Belém relacionadas ao meio ambiente. Porém,
ninguém toma providência alguma. O silêncio tem sido a resposta de quem
deveria já estar trabalhando para evitar que essa degradação continue
impunemente.
Causa-me admiração o fato de até mesmo a imprensa de Santarém ignorar
totalmente o assunto. Por lá, parece que o problema está acontecendo em
outro continente, bem longe daqui. Quem tiver oportunidade de fazer um
sobrevôo na área onde se encontram as dragas vai ter uma visão dantesca
do que está ocorrendo.
Espero que este sussurro transforme-se num grito forte de todos os que
se preocupam com a sobrevivência do rio Tapajós. Isso serve, também,
para aqueles que se dizem muito preocupados com o que poderá acontecer
após a construção de barragens, pois estamos falando do mesmo rio, mas,
esse pessoal permanece calado.
O problema só existe por causa da omissão das autoridades, em nível
municipal, estadual e federal, e pela omissão da sociedade. Com a
ausência de quem deveria agir para regular a atividade mineral e
reprimir a exploração ilegal, que degrada o meio ambiente, praticada por
gente que não emprega mão de obra de Itaituba e da região, que se
abastece fora deste município e que ainda por cima vende o ouro que
produz, fora, só restam aos poucos que se incomodam com isso continuar
bradando.
Ass: Jota Parente
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