Fonte: O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
estendeu a suspensão de todas as atividades acadêmicas até o dia 1º de
fevereiro por conta da tragédia que causou a morte de 236 pessoas em
Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul. No site da instituição, o
símbolo de luto. Ao menos 101 mortos eram estudantes da universidade.
Entenda. O incêndio com mais mortes nos últimos 50
anos no Brasil causou comoção nacional e grande repercussão
internacional. Em poucos minutos, mais de 230 pessoas - na maioria
jovens - morreram na boate Kiss de Santa Maria - cidade universitária de
261 mil habitantes na região central do Rio Grande do Sul. Outras 127
ficaram feridas.
A tragédia começou às 2h30 de domingo (27/01), quando um músico
acendeu um sinalizador para dar início ao show pirotécnico da banda
Gurizada Fandangueira. No momento, cerca de 2 mil pessoas acompanhavam a
festa organizada por estudantes do primeiro ano das faculdades de
Tecnologia de Alimentos, Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia,
Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM). Uma fagulha atingiu o sistema de exaustão da casa noturna e
o fogo se alastrou rapidamente pelo teto com papelão e material de
proteção acústica. A maioria das vítimas, porém, não foi atingida pelas
chamas - 90% morreram asfixiadas.
Uma série de erros potencializou a tragédia. Sem porta de emergência
nem sinalização, muitas pessoas em pânico e no escuro não conseguiram
achar a única saída existente na boate. Com a fumaça, várias morreram
perto do banheiro. Para piorar, seguranças da casa tentaram impedir
alguns frequentadores de sair antes de pagar a comanda. Na rua estreita,
o escoamento do público foi difícil. Bombeiros e voluntários quebraram
as paredes externas da boate para aumentar a passagem. Mas, ao tentarem
entrar, tiveram de abrir caminho no meio dos corpos para chegar às
pessoas que ainda estavam agonizando. Muitos celulares tocavam ao mesmo
tempo - eram pais e amigos em busca de informações.
Como o Instituto Médico-Legal não comportava, os corpos foram levados
a um ginásio da cidade, onde parentes desesperados passaram o dia
fazendo reconhecimento. Lá também foi realizado o velório coletivo.
Ao longo do dia, centenas de manifestações de solidariedade lembraram
a tragédia em todo o País. Emocionada, a presidente Dilma Rousseff
chorou duas vezes ao falar do caso - ainda no Chile, de manhã, onde
deixou um encontro com presidentes, e à tarde, ao lado do governador
Tarso Genro, já em Santa Maria.
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