Crime contra o Juá continua sem punição
“Meus filhos eu vi..” dizia o índio Timbira a seu povo, ao falar da vergonha de ter perdido a guerra contra seus inimigos, no poema Yjuca Pirama de Gonçalves Dias. Hoje repete a frase um grupo de visitantes que ontem esteve à beira do lago do Juá, em Santarém. "Meus filhos eu vi, o grande desastre ambiental, a destruição em andamento do belo lago do Juá, berçário de peixes”.
Um dos igarapés que alimenta o lago,
perdeu totalmente a sua transparência, por causa do barro amarelo que as
chuvas arrastam da área desmatada pela impune empresa imobiliária.
Hoje, quem passar pela rodovia Fernando Guilhon, rumo a aeroporto verá
os crimes até hoje sem punição, com graves consequências para a natureza
e os habitantes de hoje e do futuro desta antes pérola do Tapajós.
O desespero da empresa imobiliária para
tentar estancar a erosão causada por ela e as chuvas do forte inverno
não surte efeito. Os sacos de areia só denunciam o desastre que devia
ter sido evitado antes da obra começar. Hoje os sacos de areia são
apenas a exposição do crime e que a natureza reage. O lago do Juá vai
sendo destruído sem controle, a mata restante vai sofrendo os impactos
da enxurrada e, como diz a cantiga – só Carolina não vê...
Só o ex-secretário de meio ambiente não
quis ver, ao conceder licença ambiental de maneira fraudulenta, por ser
parte interessada no negócio da alienação da terra; só os donos da
imobiliária não quiseram ver por apenas mirar os lucros que ganhariam
com a especulação imobiliária.
Será que as autoridades, municipais e
estaduais, como também a justiça também não verão a desgraça que carece
ainda de punição e restauração da área devastada? Por acaso, o atual
prefeito e o novo secretário de meio ambiente já foram lá ver de perto o
que está ocorrendo? Será que a SEMA estadual e os juízes se darão ao
trabalho de ir ver o tamanho do desastre ambiental provocado pela
imobiliária e seu cúmplice secretário de meio ambiente?
Quem permitiu aquele crime não pode
ficar impune; quem provocou o grande desmatamento da área Fernando
Guilhon não pode ficar sem pagar pelo crime, não apenas com dinheiro,
mas com justiça. O lago do Juá geme de dor, sufocado pela lama que a
cada dia jorra da área barrenta do desmatamento da imobiliária. Meus
filhos eu vi... só não vê que tem outros óculos turvos.
Fonte: site da Rádio Rural, texto da lavra do Pe. Edilberto Sena.
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