“Mas o governo que devia nos proteger manda seu exército nos ameaçar..."
Confira o Editorial deste 28 de março de 2013 - Pe. Edilberto Sena
Assim começa uma carta aberta escrita pela Associação Indígena
Munduruku do Tapajós ontem 27.03, com a chegada de tropas militares em
Itaituba. É o governo federal prolongando a Paixão de Cristo nas vidas
dos povos tradicionais nesta Semana Santa. Herodes, Pilatos, Doutores da
Lei, hoje com vestes de juiz, ministros, Advocacia Geral da União e
presidente, se juntam para condenar à morte quem vive na região do Rio
Tapajós.
Diz a carta dos líderes Munduruku – “nós, povo
Munduruku, repudiamos essa maneira ditadora da presidente que governa o
país. Não aceitamos que policiais entrem em nossas terras sem a nossa
autorização para qualquer tipo de operação. Hoje pela manhã foi decidido
na sede da Funai em Itaituba que 60 homens da Força Nacional irão para a
aldeia Saure Muybu, cumprir o decreto expedido pela presidente da
República do dia 12 de março, lá é uma aldeia com 132 indígenas.
Estamos muito preocupados porque há 4 meses atrás, numa operação chamada
Eldorado foi morto um parente e vários ficaram feridos na Aldeia Teles
Pires”.
É assim que está sendo atualizada a Paixão e Morte de
Cristo na região do Tapajós. Nunca antes na história desse país, uma
presidente eleita democraticamente mandou tropas armadas para ameaçar
brasileiros que vivem tranquilos na região. Mas hoje manda.
O
povo brasileiro e o mundo todo precisa saber que o governo brasileiro
vive uma farsa de democracia, por causa de um programa que acelera o
crescimento econômico, em cima do sangue e humilhação de tantos
brasileiros na Amazônia e agora propriamente na região Tapajônica.
250 soldados armados de fuzis e metralhadoras impõem a invasão em
terras indígenas e comunidades ribeirinhas do Tapajós. A carta dos
Munduruku conclui dizendo – “pois não ficaremos de braços cruzados vendo
tamanho desrespeito com o nosso povo e o nosso território.
Jacareacanga, 27 de março de 2013”.
A Semana Santa continua
real e atual. Haverá ressurreição? Se depender dos indígenas sim, mas as
populações não indígenas vão continuar indiferentes como Pilatos? Uma
coisa é certa, Juiz Federal em Santarém será moralmente
responsabilizado, caso um conflito grave vier acontecer, por ter
ignorado os argumentos do Ministério Público Federal e atendido aos
interesses do governo federal.
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