PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
O governo de Angola baniu a maioria das igrejas evangélicas brasileiras do país.
Segundo o governo, elas praticam "propaganda enganosa" e "se aproveitam
das fragilidades do povo angolano", além de não terem reconhecimento do
Estado.
"O que mais existe aqui em Angola são igrejas de origem brasileira, e
isso é um problema, elas brincam com as fragilidades do povo angolano e
fazem propaganda enganosa", disse à Folha Rui Falcão, secretário do birô
político do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e
porta-voz do partido, que está no poder desde a independência de Angola,
em 1975.
Cerca de 15% da população angolana é evangélica, fatia que tem crescido, segundo o governo.
Em 31 de dezembro do ano passado, morreram 16 pessoas por asfixia e
esmagamento durante um culto da Igreja Universal do Reino de Deus em
Luanda. O culto reuniu 150 mil pessoas, muito acima da lotação permitida
no estádio da Cidadela.
O mote do culto era "O Dia do Fim", e a igreja conclamava os fiéis a dar
"um fim a todos os problemas que estão na sua vida: doença, miséria,
desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na família, separação,
dívidas."
O governo abriu uma investigação. Em fevereiro, a Universal e outras
igrejas evangélicas brasileiras no país -- Mundial do Poder de Deus,
Mundial Renovada e Igreja Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém-- foram
fechadas.
No dia 31 de março deste ano, o governo levantou a interdição da Universal, única reconhecida pelo Estado.
Mas a igreja só pode funcionar com fiscalização dos ministérios do
Interior, Cultura, Direitos Humanos e Procuradoria Geral da Justiça. As
outras igrejas brasileiras continuam proibidas por "falta de
reconhecimento oficial do Estado angolano". Antes, elas funcionavam com
autorização provisória.
As igrejas aguardam um reconhecimento para voltar a funcionar, mas
muitas podem não recebê-lo. "Essas igrejas não obterão reconhecimento do
Estado, principalmente as que são dissidências, e vão continuar
impedidas de funcionar no país", disse Falcão. "Elas são apenas um
negócio."
Segundo Falcão, a força das igrejas evangélicas brasileiras em Angola
desperta preocupação. "Elas ficam a enganar as pessoas, é um negócio,
isto está mais do que óbvio, ficam a vender milagres."
Em relação à Universal, a principal preocupação é a segurança, disse Falcão.
Fonte: Folha de São Paulo
Fonte: Folha de São Paulo
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