Débora Zampier e Luana Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília
Os eleitores que optaram por votar em candidatos que tiveram o registro
negado pela Justiça Eleitoral já sabiam do risco de ter seu voto
anulado. A situação foi destacada hoje (7) pela presidenta do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, em entrevista coletiva
concedida após o encerramento da votação.
Perguntada se o
sistema atual não prejudica o eleitor, que fica sem saber se seu voto
tem validade, Cármen Lúcia disse que a Justiça nunca deixou o cidadão
sem resposta sobre a situação do candidato. Atualmente, 6,7 mil recursos
estão pendentes de análise no TSE, sendo que 2,9 mil são sobre a Lei da Ficha Limpa.
Houve
resposta do juiz, do Tribunal Regional Eleitoral. Quando ele [o
candidato] apareceu como indeferido e com recurso pendente, significa
que a lei garante a ele o direito de, por sua conta e risco, deixar seu
nome às urnas, e disso é dada ciência ao cidadão. Quando o cidadão votou
no exercício de sua liberdade, que queremos preservar mais do que tudo,
lutamos muito por isso, sabia que isso podia acontecer.
A ministra lembrou que a Lei da Ficha Limpa
não é novidade, embora esteja sendo efetivamente aplicada pela primeira
vez nesta eleição municipal. Isso não é uma jurisprudência nova, não é
uma legislação nova, e foi, portanto, no exercício da liberdade de cada
um que se teve essa situação. A lei foi editada em 2010, mas não pôde
ser aplicada naquele ano porque a norma precisava estar em vigor por
pelo menos 12 meses antes de ter efetividade.
Cármen Lúcia
ressaltou que, embora o candidato tenha direito de recorrer ao TSE, a
tendência é que sua situação permaneça a mesma, já que o registro foi
analisado por uma dupla instância. Segundo a ministra, o TSE deve
terminar de julgar todos os recursos sobre registros de candidatura até
dezembro, quando ocorre a diplomação dos eleitos.
Perguntada sobre o impacto da Lei da Ficha Limpa
nas eleições, a ministra afirmou que é preciso que o eleitorado conheça
melhor os pormenores da norma, mas que o resultado já pôde ser sentido
nas urnas. Como foi a própria cidadania que conseguiu a ficha limpa,
houve um ânimo maior nessa eleição, concluiu.
http://agencia-brasil.jusbrasil.com.br/noticias/100116416/eleitor-que-votou-em-ficha-suja-ja-sabia-do-risco-diz-presidenta-do-tse
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