A Vara Criminal de Joaçaba, sob comando do juiz Márcio Umberto Bragaglia, deu a largada na manhã desta sexta-feira (23/11) ao projeto Reeducação do Imaginário, que consiste na distribuição de obras clássicas aos apenados da comarca, para leitura e posterior cobrança de pontos em entrevistas com o magistrado e seus assessores.
Os
participantes que demonstrarem melhor compreensão do conteúdo,
respeitada a capacidade intelectual de cada apenado, poderão ser
beneficiados com a remição de quatro dias de suas respectivas penas.
O primeiro módulo do projeto consiste na leitura da obra Crime e
Castigo, de Fiódor Dostoiévski. No segundo módulo, para o qual já existe
etapa de aquisição de livros, os apenados lerão O Coração das Trevas,
de Joseph Konrad. Depois virão obras de William Shakespeare, Charles
Dickens, Walter Scott, Camilo Castelo Branco e outros autores, todos
recomendados por intelectuais do calibre de Otto Maria Carpeaux, Olavo
de Carvalho, Harold Bloom e Mortimer J. Adler. Os livros serão
adquiridos em edições de bolso, diretamente com verbas de transação
penal destinadas ao Conselho da Comunidade, que juntamente com o
Presídio Regional de Joaçaba participa do projeto encabeçado pela Vara
Criminal.
O projeto (...) visa a reeducação do imaginário dos
apenados pela leitura de obras que apresentam experiências humanas sobre
a responsabilidade pessoal, a percepção da imortalidade da alma, a
superação das situações difíceis pela busca de um sentido na vida, os
valores morais e religiosos tradicionais e a redenção pelo
arrependimento sincero e pela melhora progressiva da personalidade, o
que a educação pela leitura dos clássicos fomenta, interpreta o juiz
Bragaglia, declaradamente inspirado nas lições de educação do filósofo
Olavo de Carvalho, a quem considera o maior pensador brasileiro vivo e
em atividade.
Nesta manhã, reunidos no Salão do Júri, os
apenados participantes do projeto todos voluntários - ouviram palestra
do juiz Bragaglia. Não vou subestimar a capacidade de vocês, não vou
sugerir que leiam best-sellers, autoajuda, subliteratura ou outras
inutilidades. Ao contrário! Todo ser humano, por mais difícil que seja
sua situação ou por mais precária que tenha sido sua educação, tem
condições de ler grandes obras com proveito, e é isto que torna essas
obras eternas: o quanto elas falam da experiência concreta, da alma
humana, comentou o magistrado. Ao final, cada participante recebeu uma
edição de Crime e Castigo, acompanhada de um dicionário de bolso. As
avaliações ocorrerão em 30 dias. O projeto conta com o apoio e a
participação do Ministério Público de Santa Catarina, por meio do
promotor de justiça criminal de Joaçaba, Protásio Campos Neto.
Extraído de: Poder Judiciário de Santa Catarina
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