30/12/2010
por José Ronaldo Dias Campos (*)
Transitando pela avenida Mendonça Furtado, por trás do Colégio Dom
Amando, local em que curti minha infância e adolescência, ao me aproximar da
Praça Três Poderes, esquina com a rua Madre Imaculada, deparei-me com um
terreno baldio, apenas murado, onde se situava, ao lado de uma frondosa
seringueira, o saudoso Grupo Escolar Barão de Santarém, administrado pelo
Estado.
Reconhecido pela humildade de suas instalações e pela inconteste
competência do seu quadro docente, o “grupinho”, como era carinhosamente
chamado, abrigava turmas até o 4º ano primário, funcionando nos períodos
matutino e vespertino.
Impressionava o educandário pela qualidade de suas mestras,
normalistas oriundas do Colégio Santa Clara, a começar pela professora,
diretora e poetisa Maria da Glória Dias Campos (minha mãe), substituída em função de sua
aposentadoria pela não menos dedicada mestra Maria Luiza Ayres de Mendonça,
coadjuvadas pelas experientes professoras Terezinha Sussuarana, Zuíla Coelho,
Ordoênia Cohen, Oneide Wanghon, Eneida Diniz, Lelé Gonçalves (perdão pela
incompletude dos nomes), entre outras que me faltam à memória.
A farda era de brim, tipo cáqui, com as iniciais EP bordadas no
bolso para os homens, e saia azul plissada, com blusa branca para as mulheres,
com as mesmas iniciais. A cantina era comandada pela servente Dora, que morava
no próprio prédio, com sua família, auxiliada pela Estelita, que residia e
ainda reside às proximidades do colégio, confronte a aludida praça, pela
Mendonça.
Muita gente foi ali desemburrada, inclusive eu, que conclui meu
curso primário nessa inesquecível fonte de saber, saindo de lá para os colégios
Álvaro Adolfo da Silveira, Dom Amando, Paes de Carvalho (em Belém), até
concluir o curso superior na capital, com posterior especialização e mestrado.
Do grupo hoje só restam fotografias apagadas no álbum da família,
o contato esporádico com ex–alunos, como as irmãs Maysa e Lúcia Mendonça,
apenas para exemplificar, além da imensa saudade daquela época.
Pena que o governo estadual não tenha preservado tão importante
educandário, deixando o prédio abandonado, até ruir, soterrando parte da
história de nossa gente.
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