por Edilberto Sena (*)
É triste o destino de uma cidade, onde sua sociedade é indiferente ao que fazem com seu território e falta de urbanização. Onde as autoridades são submissas aos interesses econômicos, em detrimento ao bem estar da população local, onde poucas pessoas se interessam em defendê-la. Onde forasteiros encontram espaços livres para implantar seus empreendimentos sem um mínimo respeito pelos habitantes locais e ao meio ambiente, hoje essencial à coexistência humana e da natureza.
Santarém vem sofrendo esses impactos há um bom tempo, mas se agrava nos dias atuais.
Primeiro grande exemplo é a ampliação do complexo portuário da multinacional Cargill. Iniciada a invasão no início do ano 2000, destruindo sítio arqueológico e bosque da Vera Paz, invadindo o rio Tapajós em frente a cidade, agora amplia a invasão das áreas e ninguém se opõe – nem sociedade civil, nem prefeitura e nem Câmara de Vereadores. Preferem aceitar migalhas doadas pela empresa.
Agora está em andamento mais invasões de território, agressões à natureza e violações de direitos de famílias de sete bairros periféricos. Inclui nesse processo devastador, a privatização de uma área de proteção ambiental, já que um dos portos pretende ser construído exatamente sobre o furo do lago do Maicá, viveiro de procriação de peixes, além de área de pesca de profissionais da Colônia Z-20.
Tudo estimulado pela prefeitura. Ainda no dia 16.10.2014, o jornal O Estado do Tapajós apresenta uma notícia – “Equipes técnicas da SEMDE (Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano) estão debruçadas na elaboração de um projeto de alteração do Plano Diretor do Município de Santarém, para mudar o polígono da área de interesse portuário e industrial.
Hoje são duas áreas, da avenida Borges Leal ao furo do Maicá e a outra vai do Ituqui até as Barreiras. Querem unir os dois, possibilitando a instalação de terminais de uso privado. O projeto está na Câmara de Vereadores.
Portanto, a prefeitura está facilitando a vida para a instalação de três grandes portos graneleiros na área urbana, impactando sete bairros da periferia. São eles: um da empresa Embraps, que pretende movimentar 433 carretas duplas por dia, para exportar 7 milhões de toneladas de soja por ano.
Um outro, o da empresa Ceagro, que pretende transportar 3 milhões de toneladas de grãos por ano, em 116 carretas por dia. Por fim, uma terceira empresa, a Cevital, para transportar ração animal, óleos vegetais, fertilizantes e óleo diesel.
Tais projetos estão em fase de cálculos, aquisição de terrenos (hoje quase todos ocupados por moradores, nem sempre legalizados por displicência do poder público, mas que pagam IPTU, energia elétrica etc).
Além disso, as empresas já possuem mapa da área pretendida, que além de violar o lago do Maicá, bloqueando o furo da entrada e sua dinâmica, deslocará milhares de moradores, por onde passarão as avenidas e rodovia de acesso, já pensada pela prefeitura, que se encarregará dessa infraestrutura.
Também prejudicará cerca de 500 pescadores/as ligados à Colônia Z-20, que serão impedidos de entrar no lago pelo furo.
Diante das ameaças à população dos sete bairros, finalmente algumas associações de moradores, apoiadas pela Pastoral Social da Diocese de Santarém, tem procurado, já com certo atraso, construir uma resistência a tais crimes.
Seminários, pesquisas e encontros de lideranças estão em andamento. Uma comissão dos movimentos populares dos sete bairros ameaçados pelo tal “desenvolvimento” de Santarém, está fazendo uma maratona de reuniões nos referidos bairros, mostrando mapas, propostas e impactos previstos, caso os movimentos não se unam e impeçam os empreendimentos ali na grande área.
Da parte dos vereadores, pouco se pode esperar. Com raras exceções de vereadores comprometidos com a população, houve apenas uma sessão especial para debater os projetos, quando eles ficaram surpresos com o plenário lotado de moradores ameaçados, que exigiam tomada de posição clara deles em defesa dos moradores.
Mas que não passou de promessas de que eles vão acompanhar os andamentos dos projetos. A frustração dos moradores é que eles esperavam uma posição clara dos edis, exigindo a defesa do meio ambiente e dos direitos dos moradores. Acompanhar os acontecimentos é permanecer na arquibancada, ou mais grave, consentir os crimes projetados para depois lamentar, com lágrimas de jacaré.
O prefeito, por seu turno, permanece calado, omisso e complacente. É verdade que andou por alguns bairros, tentando convencer os moradores de que não serão afetados pelos projetos, mas ao contrário haverá mais empregos e geração de renda. Não fala dos impactos negativos e nem garante legalizar os terrenos habitados, porém permite que as grandes empresas forasteiras se instalem na mesma área que ele não legaliza para os habitantes.
Esta é a Pérola do Tapajós, cujos moradores nativos tem sido expulsos desde 1661, quando Betendorff e os marujos portugueses se apossaram daqui. Que desenvolvimento queremos? O deles ou o nosso?
É triste o destino de uma cidade, onde sua sociedade é indiferente ao que fazem com seu território e falta de urbanização. Onde as autoridades são submissas aos interesses econômicos, em detrimento ao bem estar da população local, onde poucas pessoas se interessam em defendê-la. Onde forasteiros encontram espaços livres para implantar seus empreendimentos sem um mínimo respeito pelos habitantes locais e ao meio ambiente, hoje essencial à coexistência humana e da natureza.
Santarém vem sofrendo esses impactos há um bom tempo, mas se agrava nos dias atuais.
Primeiro grande exemplo é a ampliação do complexo portuário da multinacional Cargill. Iniciada a invasão no início do ano 2000, destruindo sítio arqueológico e bosque da Vera Paz, invadindo o rio Tapajós em frente a cidade, agora amplia a invasão das áreas e ninguém se opõe – nem sociedade civil, nem prefeitura e nem Câmara de Vereadores. Preferem aceitar migalhas doadas pela empresa.
Agora está em andamento mais invasões de território, agressões à natureza e violações de direitos de famílias de sete bairros periféricos. Inclui nesse processo devastador, a privatização de uma área de proteção ambiental, já que um dos portos pretende ser construído exatamente sobre o furo do lago do Maicá, viveiro de procriação de peixes, além de área de pesca de profissionais da Colônia Z-20.
Tudo estimulado pela prefeitura. Ainda no dia 16.10.2014, o jornal O Estado do Tapajós apresenta uma notícia – “Equipes técnicas da SEMDE (Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano) estão debruçadas na elaboração de um projeto de alteração do Plano Diretor do Município de Santarém, para mudar o polígono da área de interesse portuário e industrial.
Hoje são duas áreas, da avenida Borges Leal ao furo do Maicá e a outra vai do Ituqui até as Barreiras. Querem unir os dois, possibilitando a instalação de terminais de uso privado. O projeto está na Câmara de Vereadores.
Portanto, a prefeitura está facilitando a vida para a instalação de três grandes portos graneleiros na área urbana, impactando sete bairros da periferia. São eles: um da empresa Embraps, que pretende movimentar 433 carretas duplas por dia, para exportar 7 milhões de toneladas de soja por ano.
Um outro, o da empresa Ceagro, que pretende transportar 3 milhões de toneladas de grãos por ano, em 116 carretas por dia. Por fim, uma terceira empresa, a Cevital, para transportar ração animal, óleos vegetais, fertilizantes e óleo diesel.
Tais projetos estão em fase de cálculos, aquisição de terrenos (hoje quase todos ocupados por moradores, nem sempre legalizados por displicência do poder público, mas que pagam IPTU, energia elétrica etc).
Além disso, as empresas já possuem mapa da área pretendida, que além de violar o lago do Maicá, bloqueando o furo da entrada e sua dinâmica, deslocará milhares de moradores, por onde passarão as avenidas e rodovia de acesso, já pensada pela prefeitura, que se encarregará dessa infraestrutura.
Também prejudicará cerca de 500 pescadores/as ligados à Colônia Z-20, que serão impedidos de entrar no lago pelo furo.
Diante das ameaças à população dos sete bairros, finalmente algumas associações de moradores, apoiadas pela Pastoral Social da Diocese de Santarém, tem procurado, já com certo atraso, construir uma resistência a tais crimes.
Seminários, pesquisas e encontros de lideranças estão em andamento. Uma comissão dos movimentos populares dos sete bairros ameaçados pelo tal “desenvolvimento” de Santarém, está fazendo uma maratona de reuniões nos referidos bairros, mostrando mapas, propostas e impactos previstos, caso os movimentos não se unam e impeçam os empreendimentos ali na grande área.
Da parte dos vereadores, pouco se pode esperar. Com raras exceções de vereadores comprometidos com a população, houve apenas uma sessão especial para debater os projetos, quando eles ficaram surpresos com o plenário lotado de moradores ameaçados, que exigiam tomada de posição clara deles em defesa dos moradores.
Mas que não passou de promessas de que eles vão acompanhar os andamentos dos projetos. A frustração dos moradores é que eles esperavam uma posição clara dos edis, exigindo a defesa do meio ambiente e dos direitos dos moradores. Acompanhar os acontecimentos é permanecer na arquibancada, ou mais grave, consentir os crimes projetados para depois lamentar, com lágrimas de jacaré.
O prefeito, por seu turno, permanece calado, omisso e complacente. É verdade que andou por alguns bairros, tentando convencer os moradores de que não serão afetados pelos projetos, mas ao contrário haverá mais empregos e geração de renda. Não fala dos impactos negativos e nem garante legalizar os terrenos habitados, porém permite que as grandes empresas forasteiras se instalem na mesma área que ele não legaliza para os habitantes.
Esta é a Pérola do Tapajós, cujos moradores nativos tem sido expulsos desde 1661, quando Betendorff e os marujos portugueses se apossaram daqui. Que desenvolvimento queremos? O deles ou o nosso?
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