domingo, 18 de janeiro de 2015

O "Barão da Juta" na década de 60 era da nossa região

ANTÔNIO RAIMUNDO DE SOUZA PRINTES: O BARÃO DA JUTA
A HISTÓRIA DO JURUTIENSE QUE ESTEVE ENTRE OS HOMENS MAIS RICOS DO NORTE DO BRASIL

Antônio Raimundo é um ex-comerciante juteiro nascido no Paraná de Dona Rosa, conhecido como a maior expressão econômica de Juruti da década de 1960. Foi comprando e revendendo juta que ele construiu um patrimônio avaliado em milhões de reais. Costumava trazer sacas de cinquenta quilos de Óbidos cheia de dinheiro para financiar os juteiros. O poder econômico exercido por ele rendeu-lhe privilégios incomuns às famílias daquela época, bem como a construção de uma grande e luxuosa mansão feita em alvenaria, localizada próximo ao Correio, cuja decoração era contemplada com a visão de belas estátuas e esculturas de mármore e pedra sabão, equipada com água encanada e luz elétrica, o que representava um luxo para uma cidade onde se carregava água diretamente do rio. O episódio que o fez perder sua fortuna foi as "terras caídas" de 1985, ano em que compraria seu helicóptero, que destruiu a estrutura que sustentava seu negócio. Ele foi um grande exemplo de homem, pois mesmo com tamanha riqueza, sempre foi humilde e solidário. Quando eu o entrevistei, ouvi ele dizer o ditado "quando você estiver lá em cima, respeite os que estão lá em baixo, pois um dia você poderá descer e reencontrá-los". 

Este foi um dos temas abordados na obra que eu e Daniel Costa escrevemos acerca do Ciclo Econômico da Juta no Município de Juruti, com orientação e avaliação da Doutora Soraia Lameirão, Prof. do Centro de Formação Interdisciplinar I, da Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA

Abaixo temos a foto de Antônio Raimundo, disponível no site do Museu Nacional, e a imagem de um dos últimos embarques de Juta no ano de 1985.
Karlynha Tavares
Foto de Juniele De Donelle Batista Savick Calarrary.

 Daniel Costa No ano das "Terras Caídas" sua produção atingiria o recorde de todos os anos. Os barracões que ficavam na frente da cidade estavam cheios de materiais que seriam fornecidos aos trabalhadores, avaliado em mais de meio milhão de reais. Mas naquela noite de 1985, no maior fenômeno de Terras Caídas já registrada em nossa região, num processo de construção e reconstrução da paisagem local, tudo foi levado pela força das águas barrentas do rio Amazonas, deixando seu Antônio Raimundo sem forças para reconstruir seus empreendimentos.
 Juniele De Donelle Batista Savick Calarrary Em 1985, ano em que as "terras caídas" destruíram seus galpões, Juruti foi citado como o segundo maior polo produtor de juta do Brasil, ficando atrás somente de Manacapuru, no Amazonas. Ele foi levado ao Rio de Janeiro para receber prêmios. Foi "o esteio econômico de Juruti". A perda de sua estrutura colocou Juruti em uma grande crise econômica, pois aquela era a maior fonte de geração de renda. Famílias ficaram sem seu "ganha pão". Começava um período de muita dificuldade econômica.

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