Cerca de 100 índios da etnia Munduruku, que vivem na região do Alto
Tapajós, no Pará, chegaram à cidade de Itaituba, na última terça-feira,
08, armados de arcos e flechas e pintados para guerra. Eles estavam
dispostos a acampar no Fórum da Comarca caso Isaías Mundurku, professor e
liderança indígena, condenado por homicídio em Júri Popular, não fosse
imediatamente solto. Apesar da tensão, o diálogo prevaleceu. O juiz da
Vara Criminal de Itaituba, Romero Tadeu Borja de Melo Filho, evitou a
força policial e recebeu os indígenas numa audiência pública, que
terminou com apertos de mãos.
Isaías Munduruku foi condenado por homicídio em novembro de 2018 pelo
Tribunal do Júri de Itaituba. Ele foi acusado de participar da morte de
um homem que o teria roubado. Na época, Isaías era vice-prefeito do
município de Jacareacanga. A pena dele é de 13 anos de prisão. O crime
ocorreu em 2003, em Jacareacanga, e o julgamento foi desaforado para a
Comarca de Itaituba.
Por se tratar de integrante de uma etnia indígena, ainda em dezembro
passado, o juiz Romero Filho recebeu ofício da Funai, solicitando
audiência pública para prestar esclarecimentos sobre a condenação. “O
que nos surpreendeu foi a quantidade de indígenas: cerca de 100 e
fortemente armados”, relatou o magistrado.
Uma das alegações era de que os estudantes da aldeia estavam sendo
prejudicados pela prisão de Isaías Munduruku, já que ele era o professor
dos índios na região. “Nós pautamos essa audiência com o intuito de
explicar da forma mais transparente possível a condenação de Isaías aos
indígenas. De forma respeitosa e serena, adotamos cautelas e sentamos
para conversar. O Poder Judiciário não trabalha sob pressão. A gente
recebe, dialoga, mas a Lei tem que ser cumprida”, sustentou o juiz.
“Uma das responsabilidades do Poder Judiciário, até em defesa da
democracia, é não vedar qualquer tipo de manifestação pacífica. Nós
explicamos a situação processual do réu e ressaltamos que apesar de
recebermos e dialogarmos com eles, a lei tem que ser cumprida”.
O juiz esclareceu que, após condenação pelo Tribunal do Júri, qualquer
tipo de discussão a respeito da ação penal deve ser feito através das
vias cabíveis e meios judiciais. “Deixamos claro que não é possível
conceder a liberdade ao réu. Os ânimos foram acalmados. O que me deixou
mais satisfeito foi que eles se fizeram compreendidos”. Ao final, os
índios resolveram deixar o Fórum de Itaituba e retornaram à aldeia.
Fonte:
Coordenadoria de Imprensa
do TJPA (11/01/19)
Texto: Anna Carla Ribeiro
Foto: Divulgação
Texto: Anna Carla Ribeiro
Foto: Divulgação
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