domingo, 20 de dezembro de 2020

Deputada vítima de importunação sexual em São Paulo tem raizes familiares em Santarém


 

São chocantes - porque abjetas e criminosas, para dizer o mínimo - as cenas que repercutem em todo o País, de um crime de importunação sexual praticado às claras, de forma acintosa, num espaço público, diante de olhos públicos e sob as lentes de várias câmeras instaladas no recinto.
Aconteceu na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na última quarta-feira (16).
As cenas, que você pode conferir no vídeo, não ocorreram num corredor pouco frequentado da Casa. Ou num banheiro. Ou no recesso de um gabinete. Ou em outro ambiente qualquer, mais reservado.
Não.
A importunação sexual ocorreu durante sessão ordinária, no plenário da Alesp, à vista de dezenas de parlamentares e de outras tantas pessoas que na ocasião encontravam-se no local.
A vítima foi a deputada Isa Penna (PSOL).
O autor foi o deputado Fernando Cury (Cidadania).
O que se passou na cabeça desse cidadão, para fazer isso contra uma colega, às escâncaras, à vista de todos, num espaço público como o Poder Legislativo?
Talvez não tenha se passado nada demais pela cabeça dele. Muito provavelmente, sua conduta deve ter sido o resultado da banalização que esse tipo de  crime ainda representa para muita gente.
Cury - e certamente vários de seus pares - deve achar que não fez nada demais. Ou que nunca foi seu propósito apalpar uma mulher com segundas, terceiras e quartas intenções. Aliás, é isso que ele anda dizendo e provavelmente vai alegar em fóruns mais qualificados.
Mas ele cometeu um crime. E o cometeu de forma das mais acintosas.
Acredita-se que, em fevereiro, será instaurado um processo por quebra de decoro.
Se Fernando Cury não for condenado à perda do mandato, a própria Alesp estará condenada. Definitivamente condenada.
Porque será intolerável ver o Poder Legislativo tolerar que um de seus parlamentares, investido do múnus público de representar legitimamente os eleitores que o escolheram, tenha a audácia de cometer um crime desse - e ainda mais, à vista de trocentas pessoas.
O que se extrai de positivo dessa história tenebrosa é a acolhida que a deputada Isa Penna tem recebido, sobretudo, nas redes sociais.
Sua disposição para enfrentar essa situação, estimulando a discussão - e condenação - sobre esse tipo de tratamento que tantas mulheres recebem tem sido notável, reafirmando sua disposição de quebrar a ideia da banalização com que tais maus-tratos são encarados em largos segmentos.
Raízes santarenas -
 Aliás, a deputada Isa Penna tem raízes familiares que remontam a Santarém, na região oeste do Pará.
Ela é paulista, mas seu pai é um médico santareno e seu avô paterno, Waldemar Penna, adotou Santarém como sua terra e lá foi sepultado, quando faleceu em 2005, com mais de 85 anos.
Waldemar Penna era o Doutor Penna, como todos conheciam em Santarém aquele médico que nasceu na Bahia, onde se formou, depois passou pela Ceará, por Breves, já no Pará, e foi aportar em Santarém, às margens do esplendoroso Tapajós, nos idos de 1954, tornando-se um dos médicos mais estimados na cidade.
Em Santarém, Doutor Penna abriu a Casa de Saúde, primeiro unidade de atendimento privado da cidade na área de saúde. Foi lá, aliás, que nasceu este repórter, pelas mãos do saudoso obstetra Aloysio Melo, que dividia com Doutor Penna os atendimentos no pequenos hospital.
Em 2010, no governo Ana Júlia Carepa (PT), o Hospital Regional do Baixo Amazonas, inaugurado em 2006, no governo tucano de Simão Jatene, recebeu o nome de Dr. Waldemar Penna. E lá está um busto dele, que se vê na imagem.
Fonte: Espaço Aberto

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