Direito em quarentena
Apesar da liberação oficial, advogados não têm pressa para voltar aos escritórios
Na maior parte
do território nacional, os escritórios de advocacia já foram liberados
para reabrir suas portas, depois de três meses de proibição por causa da
pandemia da Covid-19. Enganou-se redondamente, porém, quem esperava por
uma corrida desenfreada dos advogados para voltar ao local habitual de
trabalho. Por causa do medo de contaminação pelo novo coronavírus e do
bom resultado obtido no sistema home office, os profissionais da advocacia não têm a menor pressa para retornar ao "normal".
Nesta sexta-feira (19/6), o Brasil alcançou a triste marca de um milhão de casos confirmados de Covid-19, enquanto o número de mortes continua superando mil por dia — isso sem contar a subnotificação. Apesar da permissão oficial para a volta do funcionamento dos escritórios, inclusive com a possibilidade de abertura para o público, o cenário brasileiro ainda é assustador, o que deixa os advogados com medo de abandonar em um curto prazo o trabalho em casa.
"A despeito da liberação governamental para as atividades no escritório, decidimos, por ora, seguindo as orientações dos órgãos internacionais de saúde e o êxito da experiência do trabalho remoto, manter parte significativa dos nossos trabalhos dessa forma", explicou Cristiano Zanin, especialista em lawfare que defendeu o ex-presidente Lula na "lava jato". "Nós fazemos isso para preservar a saúde dos nossos colaboradores, dos nossos clientes e de todos aqueles com os quais nos relacionamos."
A previsão para a volta ao "normal" varia de profissional para profissional, evidentemente, mas muitos pensam em retomar a vida no escritório apenas em agosto — o que significa mais 40 dias em casa, no mínimo. Além do temor causado pela Covid-19, pesa também nesse planejamento a vida escolar das crianças, afinal de contas, em tempos de quarentena, as advogadas e os advogados estão conciliando o home office com a necessidade de cuidar dos filhos.
"Não estamos com pressa de voltar. Estamos nos preparando", disse Ariane Rodrigues Vanço, sócia do escritório Nelson Wilians e Advogados Associados. "Estou conversando muito com as pessoas do escritório porque as escolas ainda não voltaram, então mães e pais talvez não tenham como retornar porque os filhos estão estudando. Não tem problema, cada um terá seu tempo", afirmou a advogada, ela mesma uma mãe de duas crianças.
Com segurança
Cada um no seu tempo, ao que parece, é uma regra informal dos escritórios em tempos de pandemia de Covid-19. Os comandantes das bancas de advocacia não pretendem forçar uma volta simultânea de todo o efetivo porque, além de mães e pais, há também funcionários idosos, com problemas de saúde ou que moram com pessoas que fazem parte do grupo de maior risco. Segurança em primeiro lugar, essa é a lei.
"Antes da volta, vamos apresentar um protocolo de procedimentos a um epidemiologista para avaliação, para termos certeza de que estamos sendo tão cuidadosos quanto podemos ser", afirmou Carlos Mello, managing partner do Lefosse, escritório com cerca de 350 colaboradores. "Eu sinto que a minha equipe tem medo. Eu não tenho medo, me acho uma pessoa de saúde forte, mas todo mundo tem de estar seguro, não só eu. Só pretendo voltar ao escritório em agosto por causa das férias da minha filha, e imagino que será em agosto que todos voltarão", relatou Adriana Dantas, especialista em compliance que é sócia do escritório Adriana Dantas Advogados.
Entre o medo da contaminação por um vírus que já matou mais de 50 mil brasileiros e os benefícios do home office, o fato é que os advogados vão voltar a ocupar as mesas de seus escritórios com muita cautela, sem açodamento. E outra coisa é certa: seja lá qual for a realidade pós-pandemia para a advocacia brasileira, nada será exatamente como antes.
"Eu vou continuar evitando contatos pessoais e vou tentar intensificar as reuniões virtuais. Idas ao fórum, só em situações em que isso for realmente necessário. No meu escritório, vou fazer horário reduzido e escala de funcionários", contou o criminalista Augusto de Arruda Botelho, deixando no ar uma boa pista do que está por vir.
Nesta sexta-feira (19/6), o Brasil alcançou a triste marca de um milhão de casos confirmados de Covid-19, enquanto o número de mortes continua superando mil por dia — isso sem contar a subnotificação. Apesar da permissão oficial para a volta do funcionamento dos escritórios, inclusive com a possibilidade de abertura para o público, o cenário brasileiro ainda é assustador, o que deixa os advogados com medo de abandonar em um curto prazo o trabalho em casa.
"A despeito da liberação governamental para as atividades no escritório, decidimos, por ora, seguindo as orientações dos órgãos internacionais de saúde e o êxito da experiência do trabalho remoto, manter parte significativa dos nossos trabalhos dessa forma", explicou Cristiano Zanin, especialista em lawfare que defendeu o ex-presidente Lula na "lava jato". "Nós fazemos isso para preservar a saúde dos nossos colaboradores, dos nossos clientes e de todos aqueles com os quais nos relacionamos."
A previsão para a volta ao "normal" varia de profissional para profissional, evidentemente, mas muitos pensam em retomar a vida no escritório apenas em agosto — o que significa mais 40 dias em casa, no mínimo. Além do temor causado pela Covid-19, pesa também nesse planejamento a vida escolar das crianças, afinal de contas, em tempos de quarentena, as advogadas e os advogados estão conciliando o home office com a necessidade de cuidar dos filhos.
"Não estamos com pressa de voltar. Estamos nos preparando", disse Ariane Rodrigues Vanço, sócia do escritório Nelson Wilians e Advogados Associados. "Estou conversando muito com as pessoas do escritório porque as escolas ainda não voltaram, então mães e pais talvez não tenham como retornar porque os filhos estão estudando. Não tem problema, cada um terá seu tempo", afirmou a advogada, ela mesma uma mãe de duas crianças.
Com segurança
Cada um no seu tempo, ao que parece, é uma regra informal dos escritórios em tempos de pandemia de Covid-19. Os comandantes das bancas de advocacia não pretendem forçar uma volta simultânea de todo o efetivo porque, além de mães e pais, há também funcionários idosos, com problemas de saúde ou que moram com pessoas que fazem parte do grupo de maior risco. Segurança em primeiro lugar, essa é a lei.
"Antes da volta, vamos apresentar um protocolo de procedimentos a um epidemiologista para avaliação, para termos certeza de que estamos sendo tão cuidadosos quanto podemos ser", afirmou Carlos Mello, managing partner do Lefosse, escritório com cerca de 350 colaboradores. "Eu sinto que a minha equipe tem medo. Eu não tenho medo, me acho uma pessoa de saúde forte, mas todo mundo tem de estar seguro, não só eu. Só pretendo voltar ao escritório em agosto por causa das férias da minha filha, e imagino que será em agosto que todos voltarão", relatou Adriana Dantas, especialista em compliance que é sócia do escritório Adriana Dantas Advogados.
Entre o medo da contaminação por um vírus que já matou mais de 50 mil brasileiros e os benefícios do home office, o fato é que os advogados vão voltar a ocupar as mesas de seus escritórios com muita cautela, sem açodamento. E outra coisa é certa: seja lá qual for a realidade pós-pandemia para a advocacia brasileira, nada será exatamente como antes.
"Eu vou continuar evitando contatos pessoais e vou tentar intensificar as reuniões virtuais. Idas ao fórum, só em situações em que isso for realmente necessário. No meu escritório, vou fazer horário reduzido e escala de funcionários", contou o criminalista Augusto de Arruda Botelho, deixando no ar uma boa pista do que está por vir.
Mateus Silva Alves é repórter da revista Consultor Jurídico.
Fonte: Revista Consultor Jurídico, 20 de junho de 2020, 9h14
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