segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Doze Homens e uma Sentença

 
  Doze Homens e uma Sentença dá vida a princípios do direito penal



O filme de 1957 do diretor Sidney Lumet, Doze Homens e uma Sentença (12Angry Men), se passa quase todo numa sala secreta destinada a 12 jurados que discutem o destino de um jovem hispânico acusado de matar o próprio pai.

Diferente do Tribunal do Júri instituído no Brasil, quando veredicto é dado por maioria dos votos dos jurados, a legislação do Estado de Nova York previa, que nos casos de pena de morte, os jurados discutam a culpabilidade do acusado até chegar num veredicto unânime.

Em meio a um calor escaldante do verão nova-iorquino, os 12 jurados tem de decidir sobre a condenação à pena de morte ou a absolvição do jovem. 

Henry Fonda, no papel do arquiteto Davis, é o único a votar pela inocência de réu, e a partir de seu voto contrário começa-se a levantar indagações sobre a culpa do jovem. Os diálogos fundados em conceitos jurídicos, experiências bem pessoais e contra-argumentos, na maioria levantados pela personagem de Fonda, delineiam a narrativa do filme e fazem com que os responsáveis pelo julgamento do jovem fiquem inquietos e passem a refletir mais profundamente sobre o caso.

Em meio às discussões, os 12 homens questionam a falta de empenho da defesa em debater em plenário e as oitivas das testemunhas que assistiram cenas anteriores ao crime.

A personagem extremamente humanizada de Fonda é responsável por mostrar oquanto os 12 homens são responsáveis pela vida ou morte do jovem, colocando em discussão um dos grandes empasses do direito penal – em que momento, sob quais quantidades e qualidades de provas o réu pode ser condenado.

As indagações da personagem principal conseguem acender dúvidas nos demais jurados, que, convencidos da fragilidade das provas, mudam seus votos ao longo do filme. Entre a mudança de um jurado e de outro, os 12 homens levantam o poder da dúvida, e a história começa a tomar outro rumo, não surpreendente, mas que deixa o telespectador paralisado pela condução narrativa que leva ao veredicto final.

Além de estar no papel principal, Henry Fonda atuou como produtor do filme, cuja trama havia sido anteriormente apresentada numa série de TV nos anos 1950. O brilhantismo de Doze Homens e uma Sentença foi ofuscado à época pelo igualmente brilhante A Ponte do Rio Kwai. O filme de Lumet recebeu três indicações ao Oscar - melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro adaptado -, mas todas as premiações foram para o clássico de David Lean, que saiu da cerimônio de 1958 com sete estatuetas.

Extraído de: Última Instância

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