sábado, 17 de dezembro de 2011

Revendo Belterra


REPRODUZO AQUI UMA DISCUSSÃO OCORRIDA NO BLOG DO JESO QUE RETRATAM BELTERRA COM DIFERENTES OLHARES. BOA LEITURA!
REVENDO BELTERRA

por José Ronaldo Dias Campos

Repassando recentemente por Belterra veio à mente a primeira vez que lá estive, há quase quarenta anos, quando ainda era criança.
Colada a Santarém, a poucos minutos de carro, avistava-se a bela terra, de vegetação espessa, sombreada pela copa das árvores, destacadamente a seringueira, objeto da cobiça mundial no passado próximo.
Projetada funcionalmente, com arruamento alinhado, casas modeladas em série, diferia de tudo o que já havia visto; era como se não estivesse no Brasil.
Embora se apresentasse como um bairro distante de Santarém, era administrada pela União, com horário de Brasília e clima do Sul, que me fazia tiritar de frio nas poucas noites que lá passei.
Tudo lá era de primeiro mundo: ótimas residências, luz elétrica, água potável encanada, hidrantes, serviço hospitalar de qualidade, emprego público bem remunerado etc.
Hoje, a Belterra emancipada é uma cidade triste, desmatada, calorenta, empobrecida, com suas casas em ruína, a exemplo de Fordlândia e Daniel de Carvalho, longe do idealizado por Henry Ford, que nos legou tão-grandiosa e bela estrutura.
Se olharmos do alto, sobrevoando a cidade, a conclusão é ainda pior, em razão do desmatamento desenfreado pelo plantio da soja. Fiquei triste com o que vi.

LAMA E DESCASO

Por Dannie Oliveira

Ótimo artigo. Estive em Belterra no fim do ano passado antes das ruas ficarem cheias de lama e as estradas intrafegáveis. Na ocasião fui ministrar uma oficina aos jovens belterrenses, sobre internet e aproveitei a oportunidade para fazer um tour na cidade.
Fiquei encantada com as casinhas, mesmo que um tanto apagadas e abandonadas. Percebi um certo descaso. Não com os imóveis, mas com a história.
Se você pesquisar no google vai perceber algo ainda pior, as informações são remotas e Belterra praticamente não existe, quando suas belezas poderiam ser melhor exploradas
.

OUTRO MODELO PARA BELTERRA

Por Eduardo Paiva

Como bom belterrense, daqueles que a tem no coração, fiquei feliz com os comentários carinhosos dos muitos leitores do seu artigo. Nele, vi o retrato fiel daquilo que fomos, daquilo que estamos. Também lamento profundamente onde chegamos. O progresso será sempre bem-vindo, é benévolo, é necessário.
Deixamos na história a referência que fomos na saúde, na educação, ambas consideradas de primeiro mundo, para apreciarmos a devastação das matas (que saudade do velho cobertor que espantava o frio…) invadindo o centro urbano, em nome de quem? do progresso? Não a esse preço!
É preciso encontrar sim, um novo modelo de desenvolvimento econômico, é preciso criarmos condições para um segundo ciclo (o primeiro e único foi o seringal que nos deu a história) capaz de promover e prover renda, etc.
Paro para poupar os espaços do blog, mas não posso deixar de lamentar por Fordlândia, onde muitas vezes estive na minha infância e onde retornei recentemente. Triste o abandono, retrato fiel do descaso e da miopia pública

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