quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Encontro das águas

Contemplando a foz do Tapajós, onde o belo rio se encontra com o Amazonas, aprendi cedo que a natureza é perfeita, extraordinária, esplêndida.

No inverno, tempo das chuvas intensas, os dois rios correm paralelos diante de Santarém, com cores e densidades distintas, sem se misturar — beleza que os poetas tentam decifrar no cancioneiro popular.

No verão, o Amazonas, gigante inquieto, avança sobre o Tapajós, que recua para, horas depois, retomar o seu curso natural. Nesse vai e vem, revigoram-se as margens, lava-se a areia, renasce a esperança tapajônica.

Guardo na memória os banhos na limpidez do Tapajós, os jogos nas praias, as malhadeiras estendidas e as piracaias. Era uma vida simples, mas plena de prazer e liberdade, que hoje me traz doce saudade.

É interessante frisar que o ribeirinho, conhecedor desse magnífico fenômeno, sabia a hora exata em que o poderoso Amazonas, pela força de suas águas, tomava posse temporária das praias urbanas, trazendo como oferenda, pela turbação praticada, peixe em abundância.

Os mocorongos, como eu, sabem bem do que falo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário