quinta-feira, 25 de setembro de 2025

A força do pensamento

Escrevo porque penso — e pensar é meu ofício diário. Uma frase, um questionamento, um gesto já despertam em mim a vontade de registrar. Digito, releio, corrijo: o texto nasce e renasce, sempre em gestação.

Minha escrita busca iluminar problemas, sugerir soluções e compartilhar conhecimento. Não personalizo críticas: procuro o interesse público e o bem comum.

Não me prendo à polarização que divide. Prefiro a solidariedade que aproxima. Converso com Deus, com meus pais e irmãos que partiram — e nunca estou só.

A Justiça é minha causa permanente, inspirada no devido processo legal e nos princípios do Estado Democrático de Direito. Praticar o bem é o primeiro passo para a felicidade.

Escrever é pensar com o coração. Este é o meu propósito.

Vamos limpar as nossas praias

 Com a chegada do verão, os rios recuam, as praias emergem e o lixo acumulado aparece, comprometendo a beleza da Pérola do Tapajós. É hora de a limpeza pública mostrar trabalho.

sábado, 13 de setembro de 2025

Podia ser melhor

O Supremo Tribunal Federal é o guardião da Constituição e intérprete último da ordem jurídica. Natural seria, para a grandeza da cúpula do judiciário nacional, portanto, que sua composição reunisse, sem coloração partidária, juristas de sólida formação humanística, idoneidade moral irretocável e notável saber jurídico — em suma, monumentos vivos da ciência do Direito.

Entretanto, o desenho institucional conferiu ao Presidente da República a prerrogativa de indicar os ministros, cabendo ao Senado Federal a aprovação.

Embora constitucionalmente legítimo, tal processo não se dissocia do jogo político-partidário, o que pode comprometer a imparcialidade esperada da mais alta Corte de Justiça do país.

Não se trata de desmerecer seus atuais membros, mas de constatar que o mecanismo de escolha ainda se encontra distante do ideal democrático almejado.

Ao fim e ao cabo, a responsabilidade retorna a nós, cidadãos: cada voto depositado nas urnas influencia, direta ou indiretamente, a qualidade das instituições que nos governam.

Ao votar, não elegemos apenas governantes e legisladores: elegemos também, em cadeia, os construtores da jurisprudência suprema da Nação.

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Encontro das águas

Contemplando a foz do Tapajós, onde o belo rio se encontra com o Amazonas, aprendi cedo que a natureza é perfeita, extraordinária, esplêndida.

No inverno, tempo das chuvas intensas, os dois rios correm paralelos diante de Santarém, com cores e densidades distintas, sem se misturar — beleza que os poetas tentam decifrar no cancioneiro popular.

No verão, o Amazonas, gigante inquieto, avança sobre o Tapajós, que recua para, horas depois, retomar o seu curso natural. Nesse vai e vem, revigoram-se as margens, lava-se a areia, renasce a esperança tapajônica.

Guardo na memória os banhos na limpidez do Tapajós, os jogos nas praias, as malhadeiras estendidas e as piracaias. Era uma vida simples, mas plena de prazer e liberdade, que hoje me traz doce saudade.

É interessante frisar que o ribeirinho, conhecedor desse magnífico fenômeno, sabia a hora exata em que o poderoso Amazonas, pela força de suas águas, tomava posse temporária das praias urbanas, trazendo como oferenda, pela turbação praticada, peixe em abundância.

Os mocorongos, como eu, sabem bem do que falo.

sábado, 6 de setembro de 2025

Além do advogado, o cidadão

Sempre entendi que a advocacia, embora seja uma atividade de meio, de natureza privada, reveste-se de “munus público”. A função do advogado vai além da defesa técnica: é também missão social. Talvez por influência da minha formação humanística e cristã, sempre me inclinei a servir, sobretudo aos mais necessitados.

Por essa razão, nunca fiz questão de firmar contrato escrito de honorários — prática que, hoje, não recomendo aos jovens advogados. Assumia o risco e preferia confiar nas pessoas. O essencial era servir. Não me arrependo: quase sempre recebi o que ajustava, dentro da razoabilidade que a lei e a situação permitiam. É verdade que, em algumas ocasiões, deixei de receber; mas considerei isso parte da vida, um preço menor diante da tranquilidade da consciência.

Sempre adverti o cliente — convicto de que o advogado é o primeiro juiz da causa — quando percebia que a demanda não tinha grande chance de êxito, explicando-lhe as probabilidades e os riscos envolvidos. Jamais prometi resultado.

Antes de qualquer medida judicial, privilegiava a conciliação. Era, a meu ver, o caminho mais prudente: evitava custos, poupava tempo e afastava as incertezas do processo. Judicializar, somente em último caso.

Nunca cobrei consulta. Atendi a todos que me procuraram, sem distinção, fosse pessoalmente, por telefone ou até por aplicativos de mensagens.

A maior recompensa vinha no olhar de satisfação do cliente. E o curioso é que, não raras vezes, até a parte adversa — mesmo vencida — não guardava ressentimento. Pelo contrário: voltava, em outra oportunidade, a confiar-me nova causa.

Esse percurso ensina uma lição simples: o advogado não se realiza apenas no processo. O verdadeiro advogado é também cidadão — alguém que compreende que servir à justiça e às pessoas é, em última análise, sua maior vitória.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

A candura da prainha

 Cadê a Praça da Candura?

Escrevi, em 2007, na revista virtual joseronaldodiascampos.blogspot.com, o seguinte texto:

“No Aeroporto de Belém, quando aguardava o voo para retornar a Santarém, conversei com nosso artista maior, Sebastião Tapajós, que me confessou um de seus sonhos: ver erguido, à margem do Rio Tapajós, justamente no local que abrigou, por longos anos, a estação e o saudoso trapiche da Celpa — então desativados —, o nosso esperado teatro.”

Agora, prestes a completar duas décadas dessa mensagem, deparo-me com a construção de um muro contornando a área que, segundo moradores do entorno, abrigaria a Praça da Candura, nome da bela praia à margem do cristalino Rio Tapajós, onde se situava o antigo trapiche da Celpa.

O questionamento que levanto é o seguinte: como conseguiram documentar essa valiosa área que, por décadas, pertenceu à concessionária de energia Celpa, lacrando mais uma janela que nos permitia contemplar os fenomenais rios que margeiam a Pérola do Tapajós?

Eu, desde criança, frequentei a Praia da Candura e confesso: fiquei entristecido com o que vi.

Tomara que o interesse público prevaleça neste caso, para que não se sepulte mais um espaço histórico da memória do povo tapajônico — imortalizado no cancioneiro popular como a eterna “Candura da Prainha”.