Júri decidiu que o réu é responsável pelos crimes de assassinato e ocultação de cadáver da vítima
Bruno Marques - Especial para O Estado de S. Paulo
CONTAGEM – Após seis dias de julgamento, Marcos
Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado, na noite deste sábado, pela
morte de Eliza Samudio. Depois de mais de 12 horas de julgamento neste
último dia, o júri decidiu que o réu é responsável pelos crimes de
assassinato e ocultação de cadáver da ex-amante e mãe de um filho com o
ex-goleiro, Bruno Fernandes. A juíza Marixa Rodriguez, a partir da
decisão dos jurados, leu a sentença e definiu que o ex-policial cumprirá
pena de 22 anos. A magistrada afirmou, durante a leitura, que “houve
total confiança de impunidade por parte de Bola”.
A juíza ainda ressaltou o fato de Marcos Aparecido dos Santos privar a
família de enterrar o corpo de Eliza Samudio. A juíza ainda o
classificou como uma pessoa agressiva e impiedosa, com atitude dolosa e
com desvio de caráter, com “requintes de crueldade”.
Mesmo com a defesa insistindo na ausência de provas contundentes que
envolvessem Bola à morte, esquartejamento e ocultação do corpo da
vítima, os jurados – três mulheres e quatro homens – entenderam que o
ex-policial, preso há cerca de três anos, é responsável pelo ato que deu
fim à vida de Eliza, a mando de Bruno.
O responsável pela acusação, defendeu tese que Bola estaria em
compasso com Macarrão. Ele revelou com detalhes as várias chamadas
telefônicas que os dois condenados fizeram entre eles, principalmente no
período de 4 a 10 de junho de 2010, data de início do sequestro de
Eliza Samudio e data de seu assassinato. O promotor também amparou sua
acusação no depoimento do jovem Jorge Lisboa, que confessou ter
presenciado parte do crime e ter visto o que seria a mão de Eliza
Samudio em um sacola preta que estava sendo carregada por Bola.
Os jurados não se sensibilizaram pelas apelações da defesa que
poderiam estar condenando alguém por falta de provas e que estariam
sendo fantoches e marionetes do promotor de Justiça, Henry Wagner.
Por várias vezes, o debate entre acusação e defesa deixou o mérito do
julgamento de lado e se tornou uma troca de ofensas. Os termos
“canalha, prostitua escarlate, e vagabundo” foram bastante explorados
por ambas as partes, além de termos pejorativos. Enquanto o promotor
explorou o fato de o advogado de defesa já ter sido suspenso pela OAB
por uso de crack, Ércio Quaresma se referiu à vaidade e jovialidade do
acusador, dizendo que ele usa “gomalina no cabelo” e que ele teria feito
aulas de teatro, chegando até a imitar o seu sotaque.
O promotor não desperdiçou as oportunidades de vincular o caso a uma
trama de novela, chegando a relacionar os diversos nomes e apelidos do
réu, como Bola, Paulista ou Neném, com a personagem Wanda, Marta ou
Djanira, da novela Salve Jorge, da Rede Globo.
Sem se esquecer da falta das provas contundentes, a defesa também
tentou desconstruir a cronologia dos fatos apresentados pela acusação no
dia do assassinato de Eliza Samudio, dizendo ser impossível Bola ter
estado em todos os locais que a acusação disse estar, mas este
questionamento não foi suficiente para que os jurados inocentassem
Marcos Aparecido dos Santos da responsabilidade dos atos que levaram a
ex-amante à morte.
Bola acompanhou todo o julgamento e, durante as falas da defesa, se
posicionou de frente à juíza. As vezes que a acusação se referia a ele,
abaixava a cabeça e se mostrava desolado. Em algumas vezes, ameaçou
chorar, mas logo retomou à posição de braços cruzados que o acompanhou
durante todo o dia.
A família de Marcos Aparecido dos Santos acompanhou todo o julgamento e não quis falar com a imprensa.
Fonte: Estadão.com.br
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