terça-feira, 15 de abril de 2025

Vidas ao relento

Transitando diariamente pela avenida Presidente Vargas, no cruzamento com a rua Silva Jardim, deparo-me, com perplexidade, com uma cena triste e persistente: três pessoas em situação de rua sentadas no canteiro central. Estão ali todos os dias, há meses, sob o sol escaldante e a chuva impiedosa. Suas únicas posses são as roupas do corpo.

Quando chove, correm para as biqueiras das casas. À noite, estendem-se nas calçadas, expostos às intempéries, à indiferença, à crueldade cotidiana de uma cidade que aprendeu a desviar o olhar dos dramas sociais.

É triste, @migo leitor, a vida desse trio. Tudo indica que sejam da mesma família — uma senhora e dois senhores de meia-idade, vivendo sem o mínimo existencial, sem assistência, sem dignidade, completamente invisíveis aos olhos do poder público.

A senhorinha, mais debilitada do grupo, inspira cuidados urgentes. E, se nada for feito, temo que seu destino se consuma ali mesmo, diante da nossa passividade coletiva.

O poder público precisa despertar. É inadmissível que seres humanos sejam tratados como descartáveis, jogados nas calçadas da vida, em condições piores do que aquelas reservadas aos animais.

Que Deus os proteja. Mas que também nos incomode. Porque o que está em jogo ali não é só a vida deles — é a nossa humanidade.

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