Dizem os antigos que o cauré não sua, não corre, não força. Ele plana. Abre as asas e confia no vento. Seu ninho não é construído — é presenteado.
Fios de palha fina, teias de aranha, fiapos de sol. Tudo chega até ele, como se a própria floresta sussurrasse: - descansa, pequeno. Eu cuido de tudo.
E o que nasce disso? Um ninho delicado, trançado com o invisível. Brilha à luz como se fosse feito de fios de ouro. Não é riqueza de mercado — é riqueza de espírito.
Por isso, quando alguém encontra um ninho de cauré, o faz em silêncio, com reverência. Mas não leva — porque a lei protege o que é da natureza. A captura, a remoção, o comércio: tudo isso é proibido, e com razão. Não se toca em símbolo sagrado.
Hoje, mais que amuleto, o ninho do cauré é lembrança viva de que sorte boa é aquela que respeita o voo do outro.
Afinal, quem avista um ninho de cauré, mesmo de longe, já recebeu o recado:
às vezes, pela força da natureza, a vida se ajeita sozinha, lançando luz no caminho.
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