É difícil compreender como autoridades dos três poderes da República, com
remuneração exponencial, conseguem dormir tranquilamente, sabendo que a grande
maioria do povo brasileiro vive na pobreza. Muitos moram em favelas e alguns
sobrevivem do que conseguem catar em lixões.
O princípio da dignidade da pessoa
humana, direito fundamental consagrado na Constituição Federal, parece cada vez
mais distante da nossa realidade. Vivemos em um país onde poucos têm muito,
enquanto muitos não têm nada — nem mesmo o mínimo existencial. Surge, então, uma
pergunta inquietante: onde estão a equidade e a justiça necessárias para que
possamos, de fato, falar em Direito?
Para quem quiser se espantar, basta uma
rápida pesquisa no Google para descobrir quanto ganha um deputado federal. Ao
somar todos os penduricalhos, o montante mensal ultrapassa qualquer noção de
razoabilidade. Esses parlamentares, que deveriam legislar em favor do povo,
frequentemente agem em causa própria, defendendo apenas os seus interesses. Os
cidadãos que os elegeram, paradoxalmente, acabam relegados a um plano
secundário, quando não totalmente esquecidos.
O Poder Judiciário também não
escapa à crítica. Nos tribunais superiores, as remunerações frequentemente
superam o teto constitucional, algo que pode ser facilmente constatado por quem
se der ao trabalho de conferir os números.
Enquanto isso, o professor —
profissional responsável por formar e informar todas as outras categorias,
essencial para o desenvolvimento de qualquer sociedade — continua recebendo um
tratamento incompatível com a sua importância. Mal remunerado e constantemente
desprestigiado, sofre com a desvalorização econômica e social que o sistema
perpetua.
É preciso repensar nossas prioridades como nação. Sem justiça social,
sem equidade, sem valorização de quem realmente constrói o futuro, continuaremos
reféns de uma estrutura que favorece poucos e marginaliza muitos. A dignidade da
pessoa humana não pode ser apenas um princípio abstrato em nossas leis, mas uma
realidade concreta no cotidiano de todos os brasileiros.
Enfim, lamentavelmente,
conclui-se: para a elite no poder, que tudo pode, o céu é o limite. Já para o
pobre, na base da pirâmide social, o buraco é, literalmente, mais embaixo.
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