Por José Ronaldo Dias Campos
Todo mundo na gestão pública, salvo raríssimas exceções, quer se dar bem; parece que virou regra, rotina. O erário há muito vem sendo saqueado sem dó nem compaixão pelos poderosos e seus asseclas.
Na política, então, nem se fala: é compra de votos, indicação de parentes e correligionários para o serviço público, farra de DAS, nepotismo cruzado, licitação fraudulenta, servidores que nada fazem, só recebem, e por aí afora.
O pior de tudo é que as iniciativas partem dos intocáveis, dos governantes, capazes de tudo para se manter no comando, no poder, com mandato ou vitaliciedade, mal gerindo o interesse coletivo, a coisa pública, o bem comum, enfim, administrando, legislando e julgando.
A moléstia a que me refiro, sem querer generalizar, parece não ter contornos nem limites, espraiando-se pelos entes federativos e funções do poder estatal, de baixo para cima e de cima para baixo, nivelando a moralidade administrativa pelo mínimo tolerado.
No futebol, por culpa dos “cartolas”, perdemos o status de melhor do mundo, passando a ser uma seleção qualquer, sem brilho, que não conseguiu nem passar para a semifinal da Copa das Américas, nem se classificar para as Olimpíadas que estão sendo disputadas na França. E tem mais: não ficaria surpreso se a seleção não se classificasse para a próxima Copa do Mundo.
Até na OAB, cortando na própria pele, as críticas são incisivas ao silêncio da instituição frente à nefasta polarização política que divide o país, inclusive em sede jurisdicional, com um movimento crescente exigindo eleição direta para a presidência do Conselho Federal, órgão máximo de deliberação da corporação tida como de direito público.
A ânsia infinda de arrecadação, como se não bastasse a alta carga tributária que sufoca o contribuinte, uma das maiores do mundo, levou o governo a tributar recentemente a energia solar, que tanto incentivara o cidadão a aderir. Não causará surpresa se o PIX passar a sofrer, no futuro próximo, uma incidência semelhante.
Sem querer ser pessimista, pois amo a minha terra natal, a Amazônia, e o meu país, senti a necessidade de desabafar, torcendo para que essas crises comportamentais, que afetam gravemente a república, sejam ajustadas com o tempo, e as ações políticas voltadas, de fato e de direito, ao bem-estar social e coletivo, ao povo, seu destinatário final.
Decepcionado com as nossas instituições.
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