“Alguma
instituição” – não as Forças Armadas, mas os "detentores das canetas" –
está demonizando o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e a advocacia
para tomar o poder. Isso é o que afirmou o criminalista Antônio Cláudio
Mariz de Oliveira na primeira reunião da Comissão de Defesa do Estado
Democrático de Direito da seccional do Rio de Janeiro da OAB, ocorrida
na segunda-feira (29/4). Mariz de Oliveira diz que advogados devem levantar a voz contra abusos. Marcelo Camargo/Agência Brasil
“Eu tenho a impressão de que há a intenção de algum Poder, de algum
órgão, de alguém de assumir o poder. Alguma instituição, que eu não
detecto bem, demoniza o Judiciário, o Legislativo, o Executivo e a
advocacia para assumir o poder. ‘Nós somos a salvação da pátria’. Cada
um que imagine a quem eu estou me referindo, mas eu estou me referindo a
alguém. E o mais sério disso é que há uma conivência de segmentos
importantes, de segmentos ilustrados da sociedade, que acham que tem que
ser assim mesmo. E aí a democracia entra em risco”, avaliou o advogado.
Ao
contrário do que se costuma pensar quando se fala em golpe, não são os
militares que estão por trás dessa conspiração, ressaltou Mariz de
Oliveira. Dessa vez, quem pretende tomar o poder são os “detentores das
canetas”.
“Não é a tomada de poder pelos militares. É a tomada do
poder pelo detentor da caneta. E esta ditadura, este autoritarismo do
detentor da caneta, é imbatível. Não há armas que possam se contrapor a
essa arma, que é a caneta. A caneta é a última palavra. É ela que decide
o destino das pessoas”.
A “ditadura das armas” se combate com
armas. Mas a “ditadura das canetas” deve ser combatida pela advocacia,
destacou o criminalista, conclamando a classe a levantar a voz contra
abusos e em defesa da democracia.
Fonte: Sérgio Rodas é correspondente da revista Consultor Jurídico no Rio de Janeiro.
Revista Consultor Jurídico, 2 de maio de 2019, 13h33
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