Me. José Ronaldo Dias Campos
O ex-ministro — e poeta — Ayres Britto, em entrevista à revista ConJur, há algum tempo, sintetizou com rara precisão:
“O juiz que faz de sua caneta um pé-de-cabra é o meliante número um. O estrago que causa na autoestima coletiva é devastador. Sem sensibilidade, não se percebe que há dramas humanos nos autos. A vida pensada está nos códigos; a vida vivida, nas pessoas.”
Essa fala me fez revisitar reflexões antigas, como as que registrei no artigo “Repensando o Processo”, publicado na minha revista virtual:
👉 joseronaldodiascampos.blogspot.com
Em síntese:
O processo não pode ser visto apenas como um amontoado de petições ou um número no sistema, destinado a cumprir metas do CNJ. Ele abriga histórias, angústias, vidas. Não se resume a um jogo de ritos; deve ser compreendido como um instrumento ético de realização da justiça.
Juízes, promotores, advogados e servidores — todos agentes do Direito — precisam compreender que a boa técnica, embora essencial, não basta. É preciso formação humanística: aquela que nos ensina a ver o ser humano por trás do papel — ou melhor, dentro dos autos.
Um processo que se desenrola sem transparência, sem escuta, sem alma, é kafkiano. Assusta. O cidadão não entende do que está sendo acusado, nem por quem, nem por quê. E isso, infelizmente, ainda acontece.
O procedimento, que exterioriza o processo, não pode ser um ritual vazio. O acesso à justiça precisa ser real, sensível, com decisões que respeitem a vida e promovam dignidade.
Quando o Direito esquece a vida, já não é mais justiça. É só mais uma engrenagem fria — e perigosa.
Pensemos nisso!
🗳️ Sugestão de voto para o desembargo: 32.
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